- Sabe, Muriel, com o tempo aprendi que o melhor para mim era separar as coisas, sentimentos, pessoas e situações em duas grandes colunas: aquilo que serve e aquilo que não serve. Tudo. Desde comida, que pulava de coluna em coluna conforme minha barriga e meu colesterol, até homens, colegas, amantes e possíveis amigos: tudo era classificado assim. Achei que minha vida seria mais fácil se eu simplesmente colocasse aquela pessoa irritante na coluna da direita (é, eu sempre achei que o que não servia devia ir à direita... Mais perto de ir embora e fugir de mim, creio...) e esquecesse para sempre que um dia me preocupei com ela. É claro que minha tática nunca funcionou muito bem. Pensei então que deveria ser um problema de técnica. E criei uma terceira coluna, a do meio, daquelas coisas que estavam em processo de experimentação. Sim, aquelas que eu ainda não sabia se serviam ou não para mim, mas estava tentando descobrir. Os resultados melhoraram consideravelmente, mas ainda estavam longe de ser perfeitos. Porque sempre sempre sempre existirão aquelas pessoas, malditas pessoas, que você sabe que não servem para você, tem a certeza do sol nascente, das ondas do mar e do girar da Terra que não servem para você, mas elas insistem em pular de coluna. E quando você vê, lá estão elas, na coluna do meio, disfarçadas de dúvidas, sorvete de pistache, esmalte verde e estampa de oncinha; disfarçadas como coisas que você ainda não sabe se servem; apenas disfarçadas, veja bem, porque na verdade, você sempre soube que elas não lhe cairiam bem. Entendi então, depois de mais tempo, que essas me eram as pessoas mais interessantes. Aquelas que me despertavam a curiosidade, o olhar atento, o sorriso fácil da surpresa, do diferente. Aquelas que me intrigavam, traziam minhas melhores expressões de espanto, me faziam morrer de rir da diferença assustadoramente grande entre eu e elas. E percebi que a diversidade me apaixonava. A facilidade com que as pessoas podem viver suas vidas sem as tantas regras que eu tinha estabelecido para viver a minha, a rigidez de comportamento, o pensamento sempre correto, as obrigações me primeiro lugar, a necessidade de ser sempre muito muito boa. Na verdade, eu tinha inveja delas. Inveja de sua simplicidade, leveza e sorriso barato. Inveja da facilidade com que aceitavam o que a vida lhes jogava aos pés, sem brigar, sem criar grande caso, sem a revolta rompante que eu achava necessária. Inveja do sentir sentido, não pensado. Inveja da falta de reflexões intensas a toda hora, do cérebro calmo e paciente, de tudo aquilo que eu não conseguia ter. Inveja de conseguir ser alguém que recusaria um emprego no inferno, pelo simples fato de não acreditar que deveria carregar todo esse peso nas costas. E por fim, entendi que de nada adiantava minha inveja. Eu era eu e eles eram eles e o mundo haveria de aceitar a todos, porque não tinha escolha. Eu não mudaria, não muito, e no fundo gostava muito de ser a pessoa que ainda sou. Eles não mudariam, não muito, apenas cresceriam a aprenderiam a dosar aquis e alis. Como eu também. E no fim, minha querida Muriel, acabamos todos aqui. No fim, tudo é pó, terra, almas carregadas, chamas flamejantes e brisas refrescantes. No fim, as colunas caem todas e ficam apenas os sorrisos.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Pausa para um Cafezinho...
As pessoas moviam-se, lusco fusco, almas brilhantes a circular sob
a chuva. Os pássaros, pequenos amontoados
de penas molhadas, encolhiam-se em ninhos de todos os tipos nas copas das árvores, pequenos deuses a observar a movimentação dos mortais abaixo. Gatos, olhos brilhantes e
questionadores, enfiados em bueiros e embaixo de bancos, evitavam a água incômoda que
caía. Um labrador amarelo
latia ao longe, feliz, sorridente, tentando apanhar as gotas de chuva enquanto
seu dono erguia o guarda-chuva e gritava seu nome. A chuva apertou, muitas
gotas risos, gotas lágrimas, gotas do que se
quer que seja. Para ela, eram gotas lágrimas.
Gotas tristeza. Gotas saudades de um tempo que já não voltava. E ninguém sabia ou se importava. Ninguém parava e olhava pra cima, ou pra baixo?,
imaginando que alguém os observava naquele
momento, com lágrimas de chuva ácida, lágrimas
bronze em um céu de prata. Lágrimas vapor, água no inferno.
Afastou-se dos monitores de observação da Terra, voltando os olhos para Dobby, que trabalhava ao lado.
Pensou naquele serzinho alienado e chato, brigas constantes com Muriel; tolos
seres do inferno. Tola ela, que aceitara tal cargo. Tolo o mundo, que precisava
de pessoas em cargos como o seu.
-Miss D, eu estive pensando em todo o MEU trabalho nesses últimos tempos e, quer saber?? Se a Muriel não deixar de ser incompetente, vou passar por
cima dela. Não quero nem saber! Já tenho meus planos de promoção, não vou
deixar uma sem estudos como aquela garota me atrapalhar!!
- Dobby, vai com calma. Eu não estou de bom humor hoje... Pra colocar fogo em um ou dois é um palito e meio. Então não força, gata... Gata! Até parece! Quem forçou agora fui eu! - Miss D
riu-se, os olhos vermelhos faiscando risadinhas. Dobby olhou-a com raiva, os lábios apertados e a carinha feia enrugada.
Voltou-se a suas anotações, balbuciando coisas
inaudíveis.
Miss D deu de ombros e se preparava para acionar botões de tragédias pessoais quando um gavião gigantesco entrou voando pela janela, uma caixa plástica de transportar animais segura em seus
grandes pés.
- Pelos deuses, Cadu! Você me
assustou!!
- Desculpa, senhora Divina! Certamente não foi a intenção! - respondeu o animal,
voz grossa de radialista. Abaixou a cabeça em uma espécie de reverência e retirou uma prancheta de algum lugar
debaixo de sua asa esquerda, estendendo-a com o bico para que Miss D assinasse.
- O que temos aí, Cadu?? Quem mandou??
- Presentinho especial do senhor Hades. Mandou esse bilhetinho
também! Adiantou-me que não conseguia vê-la tão triste... O pobre homem
tem um coração enorme, você vê. Pena
que seja tão pão-duro... Enfim... Agora, se me dá licença, tenho um dia de entregas
pela frente!
- Senhor Hades, é? Huum, curioso! - Miss D
olhava para o papel muito negro em suas mãos, sem saber o que esperar. Cadu bateu asas de repente,
derrubando a pequena Dobby de sua cadeira, que soltou um guincho estridente.
Miss D continuava hipnotizada pelo papel. Terminou de ler e deixou que caísse no chão, abaixando-se junto a gaiola de transporte animal.
- Não acredito!! Não pode ser! Cafezinho, é você mesmo?? Por deuses, é você! Meu
anjinho, meu príncipe, que saudades de você! - disse, em meio a muitas lágrimas, abrindo a caixa e retirando de dentro um
gato todo preto, de olhinhos verdes e ronronar forte. Ele parecia incrivelmente
feliz em vê-la, fechando os olhos e
sorrindo aos carinhos. Os dois ficaram assim, abraçados em um reencontro de almas, reencontro de amores, fusão feliz dos há muito apartados. Miss D chorava lágrimas doce, lágrima chuva, lágrimas açúcar, choro ouro em em rio de prata. Sorria e abraçava aquele que havia por tanto tempo guardado a
melhor parte de sua alma. Sorria e abraçava aquele seu amigo, velho amigo, que um dia se fora e deixara um
vazio em sua vida. Sorria e abraçava
aquele que faria com ela a melhor dupla de Tragédicos de toda a Infernópolis.
Sorria e abraçava aquele que viera para
fazê-la mais feliz em outra época, muito distante, e que agora retornava,
gato fiel, amigo eterno, anjo da guarda.
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
E eis que surge Dobby...
Empurrou sua mesa com os pés descalços, fazendo sua cadeira vermelha girar. Levantou-se, encaixando os pés nos sapatos também vermelhos e caminhou até a janela de sua sala. Olhou para o céu, pseudo-céu, preto preto, preto necrose, preto pupilas dilatadas e irresponsivas, preto morte, preto inferno. Sentia falta das estrelas, da chuva, das nuvens, da lua. Falta do azul, do nascer do sol, dos vales verdes de sua casa de campo. Arrependia-se, por vezes, da escolha irônica de aceitar um emprego na terra das trevas. Sentia falta de ser só ela mesma, de ser apenas uma menina, de seus dias antes de se tornar Miss D. Mas tinha uma missão ali, ou pelo menos era o que acreditava. Uma missão longa demais, talvez, mas igualmente necessária.
Um corvo pousou sobre o parapeito da janela, olhando-a com seus olhinhos de conta. Ela observou-o e estendeu a mão para ele, sorrindo.
- Olá Fernando! O que me conta?? - disse, o pássaro saltando para suas mãos. Estendeu sua cabecinha e puxou de uma das pernas um bilhetinho, estendendo-o a ela. Ela olhou-o, curiosa. - Ah, claro! Hades e sua mania de ser retrô! Não podia mandar uma mensagem de celular? Email? Deuses, em que século esse homem parou?? Corvo correio??
O pássaro observou-a, virando as costas, ofendido. Ela acariciou suas penas, dando-lhe um pedaço de alguma coisa amarelada, com cheiro de mel. Ele pareceu perdoa-la pela grosseria, fazendo uma espécie de reverência e voando para longe.
- Muito bem, muito bem, vamos ver o que nosso chefe manda-me dessa vez. "Achei que estava na hora de você ter uma assistente! Parabéns pelo bom trabalho. H.". Assistente?? Mas o q...
- Olá, madame! - disse uma criaturinha, cabeça pelada, orelhas grandes e pontudas, nariz enorme e muito fino, roupas esfarrapadas e 1,2m de altura, na melhor das hipóteses.
Miss D deu um pulo, deixando o bilhete cair. Olhou a recém-chegada com genuíno interesse, erguendo as sobrancelhas em dúvida. Sorriu. - Gente, mas você é igualzinha ao Dobby, do Harry Potter. Hades me mandou um elfo doméstico??? Puta que pariu, ainda bem que ele está contente com o meu trabalho! Se estivesse achando ruim, me mandaria o quê de auxiliar? O Salsicha e o Scooby??? - e começou a rir da própria piada. A elfa fechou a cara, visivelmente ofendida.
- Ok, ok, desculpa, Dobby! Posso te chamar de Dobby? Esse lugar as vezes deixa a gente um pouco insensível, sabe? Quer dizer, não que eu fosse muito melhor viva, anyway... - e gargalhou novamente da própria piada. A elfinha observou-a, indecisa. Parecia desagradada e irritada. - Olha, madame, eu só estou aqui porque o senhor Hades MANDOU. Pode me chamar do jeito que quiser, desde que eu consiga fazer meu trabalho e ganhar a aprovação de todos, ou melhor, o prêmio de elfo do mês, ou melhor, que eu aprenda alguma coisa para minha vida!!! - disse, fulminando Miss D com os olhinhos muito verdes. Miss D olhou-a, as pupilas vermelhas cheias de alguma coisa que quase parecia pena. Sorriu, os dentes muito brancos e sinceros aliviando a hostilidade que se instalara na pequena sala. Sorriu, porque o sofrimento mundano daquele ser mágico a comovia quase o mesmo tanto quanto sua avidez imbecil por produtividade a irritava. Sorriu porque sabia que tempos difíceis a esperavam com aquela "assistente", mas, no fundo, Miss D estava desesperada por companhia. Sorriu porque quando se mora em Infernópolis, poucas são as oportunidades de sorrir.
Um corvo pousou sobre o parapeito da janela, olhando-a com seus olhinhos de conta. Ela observou-o e estendeu a mão para ele, sorrindo.
- Olá Fernando! O que me conta?? - disse, o pássaro saltando para suas mãos. Estendeu sua cabecinha e puxou de uma das pernas um bilhetinho, estendendo-o a ela. Ela olhou-o, curiosa. - Ah, claro! Hades e sua mania de ser retrô! Não podia mandar uma mensagem de celular? Email? Deuses, em que século esse homem parou?? Corvo correio??
O pássaro observou-a, virando as costas, ofendido. Ela acariciou suas penas, dando-lhe um pedaço de alguma coisa amarelada, com cheiro de mel. Ele pareceu perdoa-la pela grosseria, fazendo uma espécie de reverência e voando para longe.
- Muito bem, muito bem, vamos ver o que nosso chefe manda-me dessa vez. "Achei que estava na hora de você ter uma assistente! Parabéns pelo bom trabalho. H.". Assistente?? Mas o q...
- Olá, madame! - disse uma criaturinha, cabeça pelada, orelhas grandes e pontudas, nariz enorme e muito fino, roupas esfarrapadas e 1,2m de altura, na melhor das hipóteses.
Miss D deu um pulo, deixando o bilhete cair. Olhou a recém-chegada com genuíno interesse, erguendo as sobrancelhas em dúvida. Sorriu. - Gente, mas você é igualzinha ao Dobby, do Harry Potter. Hades me mandou um elfo doméstico??? Puta que pariu, ainda bem que ele está contente com o meu trabalho! Se estivesse achando ruim, me mandaria o quê de auxiliar? O Salsicha e o Scooby??? - e começou a rir da própria piada. A elfa fechou a cara, visivelmente ofendida.
- Ok, ok, desculpa, Dobby! Posso te chamar de Dobby? Esse lugar as vezes deixa a gente um pouco insensível, sabe? Quer dizer, não que eu fosse muito melhor viva, anyway... - e gargalhou novamente da própria piada. A elfinha observou-a, indecisa. Parecia desagradada e irritada. - Olha, madame, eu só estou aqui porque o senhor Hades MANDOU. Pode me chamar do jeito que quiser, desde que eu consiga fazer meu trabalho e ganhar a aprovação de todos, ou melhor, o prêmio de elfo do mês, ou melhor, que eu aprenda alguma coisa para minha vida!!! - disse, fulminando Miss D com os olhinhos muito verdes. Miss D olhou-a, as pupilas vermelhas cheias de alguma coisa que quase parecia pena. Sorriu, os dentes muito brancos e sinceros aliviando a hostilidade que se instalara na pequena sala. Sorriu, porque o sofrimento mundano daquele ser mágico a comovia quase o mesmo tanto quanto sua avidez imbecil por produtividade a irritava. Sorriu porque sabia que tempos difíceis a esperavam com aquela "assistente", mas, no fundo, Miss D estava desesperada por companhia. Sorriu porque quando se mora em Infernópolis, poucas são as oportunidades de sorrir.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
TPM dos infernos...
Ela levantou-se da cadeira, andando de um lado para o outro. A capa preta a seguia, formando um rastro, aura negra que a fazia parecer flutuar. Os olhos vermelhos, rubros, rubros paixão, rubros vulcão, rubros lava e destruição, dançavam nas órbitas, ansiosos, queixosos, prontos para saltar e correr. Estalava os saltos no chão, ritmadamente, como se seu raciocínio dependesse disse. Sorriu, os dentes muitos brancos contrastando com os cabelos negros e os olhos vermelhos e fumegantes.
- Muriel, o que temos para hoje? - disse a uma recém-surgida assistente, de terninho de linho cinza escuro, muito alinhado, cabelos presos e sapatos de salto.
- Miss D, para hoje temos aquele grupo que você separou ontem. Marcou como B-O-R-I-N-G! - respondeu a jovem, checando informações em um tablet.
D olhou para os lados, passando a língua sobre os dentes brancos. Os olhos faiscaram, faíscas vida de um lugar de mortos.
- Claro, os boring! Nossa, um grupo chatérrimo, borrérrimo, que usa palavras em latim e discute as coisas mais esquisitas. E não sabem relaxar! NÃO SABEM RELAXAR, MURIEL!! Total desperdício de carne humana. Quer dizer, não que carne humana seja algo assim tão bom, não é? Anyway...
A assistente olhou-a e segurou-se por um tempo, mordendo as unhas.
- Miss D, será que você não está exagerando? Quer dizer, eles são apenas.... chatos!
- Minha querida, apenas chatos? Gente que só fala em produtividade, produtividade, coisas sérias, muito sérias, não relaxa e não se mostra pro mundo? Nem ao menos permite que os outros entendam sua real essência, porque estão sempre escondidos por trás de assuntos como livros, filosofia, coisas sérias, coisas sérias, coisas importantes... Se não sabem relaxar, falar besteira, sorrir, gargalhar com os amigos e curtir momentos de descontração, o que os difere de robôs??? - olhou a assistente, vermelho fogo, intenso, queimado, cheio de D.
- Eu... ãhn... Mas eles não fizeram nada de errado, eu acho... - a assistente voltara a morder as unhas.
- Robôs podem ser consertados! Eles não! Fogo neles, Muriel! Fogo agora!!
- Fogo?? Tipo lava?? Mas Miss D... - Muriel ainda tentou.
- TPM, my dear Mumu! TPM! - e sorriu, suspirando com o poder libertador que só o inferno conseguira lhe dar. Sorriu, suspirando com a possibilidade muito única de alimentar cada fiozinho de sua ira hormonal. Sorriu, suspirando porque podia, porque não engolia, mas vomitava lava, lava cinzas, cinzas fogo de mulher vulcão.
- Muriel, o que temos para hoje? - disse a uma recém-surgida assistente, de terninho de linho cinza escuro, muito alinhado, cabelos presos e sapatos de salto.
- Miss D, para hoje temos aquele grupo que você separou ontem. Marcou como B-O-R-I-N-G! - respondeu a jovem, checando informações em um tablet.
D olhou para os lados, passando a língua sobre os dentes brancos. Os olhos faiscaram, faíscas vida de um lugar de mortos.
- Claro, os boring! Nossa, um grupo chatérrimo, borrérrimo, que usa palavras em latim e discute as coisas mais esquisitas. E não sabem relaxar! NÃO SABEM RELAXAR, MURIEL!! Total desperdício de carne humana. Quer dizer, não que carne humana seja algo assim tão bom, não é? Anyway...
A assistente olhou-a e segurou-se por um tempo, mordendo as unhas.
- Miss D, será que você não está exagerando? Quer dizer, eles são apenas.... chatos!
- Minha querida, apenas chatos? Gente que só fala em produtividade, produtividade, coisas sérias, muito sérias, não relaxa e não se mostra pro mundo? Nem ao menos permite que os outros entendam sua real essência, porque estão sempre escondidos por trás de assuntos como livros, filosofia, coisas sérias, coisas sérias, coisas importantes... Se não sabem relaxar, falar besteira, sorrir, gargalhar com os amigos e curtir momentos de descontração, o que os difere de robôs??? - olhou a assistente, vermelho fogo, intenso, queimado, cheio de D.
- Eu... ãhn... Mas eles não fizeram nada de errado, eu acho... - a assistente voltara a morder as unhas.
- Robôs podem ser consertados! Eles não! Fogo neles, Muriel! Fogo agora!!
- Fogo?? Tipo lava?? Mas Miss D... - Muriel ainda tentou.
- TPM, my dear Mumu! TPM! - e sorriu, suspirando com o poder libertador que só o inferno conseguira lhe dar. Sorriu, suspirando com a possibilidade muito única de alimentar cada fiozinho de sua ira hormonal. Sorriu, suspirando porque podia, porque não engolia, mas vomitava lava, lava cinzas, cinzas fogo de mulher vulcão.
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